
Reprodução de Imagem: novacana
Nas últimas duas décadas e meia, Balsas, município localizado no extremo sul do Maranhão, passou por uma das transformações mais rápidas e profundas do país. De cidade marcada pela agricultura tradicional, tornou-se um epicentro da fronteira agropecuária brasileira, impulsionada pelo avanço da produção de grãos, pela presença de grandes empresas e pela expansão acelerada do agronegócio no Cerrado.
Estudos apontam que essa fronteira agrícola – que inclui Balsas como um dos principais eixos – tem contribuído para o avanço do desmatamento no Cerrado, bioma considerado essencial para a segurança hídrica do Brasil. Seus aquíferos e nascentes abastecem importantes bacias hidrográficas nacionais, e a perda de vegetação nativa coloca em risco a regulação natural das águas.
Crescimento econômico em contraste com desigualdades
O centro urbano de Balsas evidencia com nitidez o peso do agronegócio na economia local. Ali se concentram o comércio especializado, escritórios de empresas agrícolas, concessionárias de maquinário e sedes de multinacionais, como a gigante holandesa Bunge, que atua no processamento e na exportação de grãos.
A apenas cerca de 2 quilômetros de distância, porém, o cenário é outro. Nos bairros periféricos, onde vivem os trabalhadores que movimentam a economia do campo e da cidade, predominam residências simples e infraestrutura limitada. É nessa região que se sente de maneira mais aguda o impacto das mudanças econômicas: moradores relatam que, nos últimos anos, o custo de vida disparou, especialmente o preço do aluguel, impulsionado pela procura crescente por moradia e pela valorização imobiliária decorrente da presença de grandes empreendimentos.
Entre o progresso e os desafios
A rápida modernização da agricultura trouxe empregos, aumentou a circulação de renda e colocou Balsas em posição de destaque no mapa da produção nacional de commodities. Por outro lado, também intensificou a pressão sobre o meio ambiente, aprofundou desigualdades e gerou tensões urbanas que afetam diretamente a qualidade de vida da população local.
Enquanto a cidade segue atraindo investimentos e expandindo suas fronteiras produtivas, cresce o debate sobre a necessidade de conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental e políticas públicas que protejam quem vive nas áreas mais vulneráveis.